Aprenda a calcular frete em 3 passos
“Quanto custa o frete?” Com certeza, essa pergunta é recorrente, não é mesmo? Agora, nos conte, no valor do seu serviço estão incluídos todos os custos que um frete envolve? Se for apenas combustível e distância já te adianto que está perdendo dinheiro. Por isso, nós vamos ensiná-lo como calcular frete por km para que você aprenda a cobrar o preço justo!
Não é complicado calcular! Os principais pontos são os custos fixos e custos variáveis. Nós vamos esclarecer no decorrer do texto o que se encaixa como fixo e qual é variável. Depois que entender o que é e somá-los, basta dividir por km. Viu como não é difícil?
Lembrando que este cálculo precisa ser refeito algumas vezes ao ano, você já reparou que as coisas estão caras e cada dia sobe mais?! Portanto é essencial usar uma média, mas quando tudo sobe e ultrapassa o valor pré-estabelecido, é hora de rever.
Passo 1: faça o levantamento dos custos fixos
Custos fixos são aqueles que não mudam por um período de tempo, mesmo com o caminhão parado. Nesse caso, nós fizemos uma lista com alguns exemplos, confira quais são:
1. Impostos
No Brasil, o que não falta são impostos e o não pagamento deles implica em algumas limitações no trabalho, como a emissão de novas documentações e prestação de serviços para órgãos públicos. Por isso, é importante não sonegar os impostos e cumprir as obrigações – é melhor evitar problemas com a fiscalização!
Nem todos os impostos que listamos aqui é obrigatório para todos os caminhoneiros – longe disso! – se tiver que pagar tudo isso, aí fica difícil trabalhar. Então, analise quais são os tributos que se encaixam na sua realidade.
Impostos federais: IRPJ, PIS/PASEP, CSLL, INSS, Cofins, IPI;
Impostos estaduais: ICMS;
Impostos municipais: ISS;
Impostos sobre o caminhão: IPVA, DPVAT, Licenciamento, Taxa de Inspeção Veicular, seguros.
Depois que verificar quanto paga em cada imposto, deixe todos os valores na mesma forma, exemplo: um valor anual não pode entrar na mesma conta que um mensal, precisam todos seguir a mesma referência (é uma regra da matemática, por isso faça as conversões). Dica: sempre trabalhe com valores mensais.
Então, use esta fórmula:
- taxa anual ÷ 12 meses = valor mensal
Exemplo com IPVA: R$6000,00 anual ÷ 12 meses = R$500,00 mensais.
2. Depreciação
Todo ano o caminhão desvaloriza, ainda mais se tiver em pleno funcionamento, isso porque há muito desgaste em rodar pelas estradas. Por isso, confira anualmente a tabela fipe e sempre compare com o ano anterior. A diferença entre o valor atual e o do ano passado, entra como custo de desvalorização.
- tabela fipe atual – tabela fipe ano passado = custo da desvalorização dentro de um ano
Depois é só dividir esse valor por 12 para chegar no valor mensal.
Nessa ponto, vale salientar que as revisões também entram no custo depreciativo. Portanto, marque o valor gasto em cada uma e acrescente neste custo.
3. Segurança e comunicação
Depois dos impostos e da depreciação, vem a parte de segurança e comunicação. Destacamos este tópico visto que é uma valor gasto para o bom funcionamento do frete que inclusive é recorrente e não muda durante um período longo.
Nesse caso, enfatizamos os valores pagos pelo rastreamento do caminhão e os planos de telefonia para acesso a internet, por exemplo. Lembrando sempre de converte para valores mensais.
Passo 2: faça o levantamento dos custos variáveis
Os custos variáveis oscilam conforme o uso do caminhão. Dessa forma, encaixam-se alguns valores pagos para realizar o frete. Logo, elas se encaixam como variáveis, pois dependem da quantidade de fretes feitas.
Sugerimos que marque os valores por três meses e faça uma média mensal do quanto é gasto, assim fica mais fácil estipular o valor do frete.
Aqui, nós fizemos igual no passo anterior, destacamos alguns pontos importantes para levar em consideração. Agora, quanto aos exemplos, vamos a eles:
1. Despesas com a viagem
Essas despesas entram para custear o seu bem-estar durante o frete, uma vez que sem elas seria impossível trabalhar ou prejudicaria sua saúde. Portanto, faça o cálculo da alimentação como lanches nas paradas e refeições completas, e também das pernoites em hotéis, caso o caminhão não tenha cabine-cama.
2. Manutenção
A manutenção é diferente da revisão que falamos anteriormente. Tendo em vista que a revisão é apenas para checagem se está tudo correto, na manutenção entra as despesas de trocas de componentes, como retrovisor quebrado, buzina com mau contato, cinto sem trava e assim por diante.
Nesse caso, também entram as despesas com manutenção preventiva, sendo elas: alinhamento e balanceamento, troca de óleo, pastilhas, correias, coxins e afins. Se quiser aprofundar em um dos temas, nós já ensinamos quando é necessário realizar a regulagem das válvulas – leia depois!
Apenas recomendamos que não inclua o gastos com pneus na manutenção, visto que seu desgaste é proporcional a condição da via que transita. Para eles nós temos um cálculos diferente, veja no próximo tópico.
3. Pneus
Como dito anteriormente, os pneus sofrem desgaste diferente, por isso não são incluídos na manutenção preventiva. O cálculo para este custo é o seguinte:
- Custo dos pneus = preço da troca de pneus ÷ meses rodados
O resultado dessa conta deve ser acrescido nos gastos mensais posteriores a troca para que você recupere o valor investido.
Para entender mais sobre o tempo que dura o pneu, leia o nosso conteúdo sobre validade de pneus. Nesse post nós fizemos um guia para descomplicar esse tema – vale a pena ler!
4. Combustível
Esse tópico não tem segredo, este nós já sabemos que é importante e sabemos calcular muito bem. Basta pegar o valor gasto em combustível e dividir por KM rodado.
Vale ressaltar que o combustível sofre variação de um dia para o outro, quem dirá entre os anos. Outros dois pontos que precisam ser considerados também é a condição da estrada. As rodovias que são um “tapete” gastam muito menos que as estradas de terra. Por isso, o cálculo do combustível é extremamente variável.
Para ele, faça o seguinte. Todas as vezes que abastecer, guarde os cupons fiscais e some todos os valores gastos ao longo do mês. Assim, você tem uma média de quanto gastou.
Para organizar ainda melhor, separe por tipo de estrada, dessa forma fica mais fácil visualizar os gastos em cada estilo de frete.
5. Pedágios
Se os combustíveis não param de subir, e os pedágios que cada estado tem um preço? Antes de aceitar um frete já pesquise a quantidade de pedágios que tem no trajeto e os valores cobrados por eixo.
As tarifas do Paraná e São Paulo são relativamente mais altas que as de Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Portanto, sempre trace as rotas por aplicativos e confirme os valores dos pedágios.
Se o fluxo de viagem for intenso, verifique a possibilidade de contratar um plano pré-pago para não precisar parar em cada pedágio e contar dinheiro enquanto espera na fila para pagar.
Aliás, tem motoristas apressadinhos que fazem a evasão, não é mesmo? Mas é um ato que tem muitas consequências. Ficou curioso? Leia o nosso conteúdo sobre evasão de pedágio e o entenda quais são as consequências desse ato.
Passo 3: some os custos fixos e variáveis e divida por KM
Chegamos no último passo depois de uma longa jornada pelos custos. Agora, vem a parte mais fácil, somar tudo que identificou como custo! Então, a fórmula fica da seguinte maneira:
- (custos fixos + custos variáveis) ÷ total de KM rodados = custo por KM
Vamos a um exemplo com valores para ficar mais visual.
- (R$10.000,00 + R$15.000,00) ÷ 10.000KM
- R$25.000,00 ÷ 10.000KM
- R$2,5 por KM
Nesse caso fictício, o custo por Km ficou em R$2,50. Portanto, nos próximos fretes basta calcular a quantidade de Km da viagem e multiplicá-los pelo valor encontrado.
Este é o custo médio para cobrar por frete. O valor que resultar é o tanto que precisa ser cobrado para você não sair no prejuízo.
Muitas vezes passamos o valor justo e o cliente não tem uma reação muito satisfatória, fica bravo e fala que está muito caro. Se isso acontecer, explique que estão incluídos no valor todas despesas necessárias para realizar o frete e que esse é seu preço. Se, por pressão ou medo de perde o cliente, você diminuir o valor do frete, tenha certeza que os custos serão ressarcidos por sua conta através de uma reserva de emergência.
Então, preparado para calcular o seu frete? Agora, com esse passo a passo da QAP ficou bem mais fácil e você vai conseguir administrar melhor o seu negócio.
Continue acompanhando o blog da QAP para sempre estar bem informado sobre as questões de frete e sobre a nossa vida de caminhoneiro.
Depois de um tema importante como este, que tal ler sobre as vantagens e desvantagens do caminhão arqueado. É um assunto bem atual, principalmente entre os caminhoneiros mais jovens.
Nos vemos no próximo post!